quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Plural

Um dia qualquer, como todos os dias quaisquer de minha vida, me pergunto: “Quem sou eu?”. Seria eu a moderninha de blusinha decotada azul-escuro, ou a patricinha de sainha rodada na cor rosa, ou quem sabe a mulher de vestes sociais, ou ainda aquela que cuida da casa com avental e unhas desfeitas pelo alvejante?

Não sei qual delas eu sou ainda, mas tenho a certeza da igualdade de cada uma delas. Ou melhor, não sou uma, sou mil mulheres em uma só. Sou um pouco homem também quando me meto a trocar um chuveiro, uma lâmpada queimada ou até mesmo quando eu mexo no motor do carro. Enfim, sou um plural. Um plural, um grupo, sou um verbo conjugado no presente, que suas atitudes se concretizam no futuro. Futuro este totalmente enfatizado em um passado.

Ai, ai! Gosto tanto de ser criança, de ver o sorriso no rosto daqueles que eu amo. Gosto de ser jovem, pode usufruir de minhas juntas e de meus membro sem limitações. Gosto de ser mulher, sair com meu cartão de crédito, entrar em muitíssimas lojas, escolher um perfume gostoso e pagar com meu cartão de crédito. Gosto de ser mais velha, mais experiente. Gosto do gosto de contar histórias sobre minha “pequena-antiga-criança-menina-mulher”.

Eu sou tudo que pode fazer qualquer pessoas no mundo, qualquer mesmo, feliz! Eu me moldo com uma facilidade incrível, eu impressiono também e também consigo moldar aqueles que gosto sem que eles percebam. Leva um tempinho, mas se eles não se moldam, me admiram pela moldura que sou.

Coração? Ah! Eu amo meu coração e sua nobreza. Ele sem dúvida é meu companheiro fiel. É ele aquele que me dá os melhores conselhos, e se algum dia por meio dele eu deixo rolar alguma lágrima, é de agradecimento a ele, por ter me ensinado mais uma lição. Hum, mas vocês se pergunta então o que eu faço com a Razão. Sabe, eu acho a Razão, meio chata, sem sal, impetuosa. Não sei por que, não gosto muito dela, raramente uso ela. Sempre que penso de usá-la de imediato ela já começa a estragar todas as coisas boas da minha vida.

Bom, eu sou um bom ouvinte sabe? Sei ouvir, sei conversar. Sei só ouvir, sei aconselhar, sei só ouvir, sei só aconselhar, sei quando fingir-me de surda também. Sou companheira para tudo, seja para fazer bolinhos de areia em um dia de chuva, ou ensolarado mesmo. Sou uma criança em minha mais perfeita forma adulta. Gosto de vídeo-game, sou uma viciada, uma psicótica por games, me apresente um e esteja preparado para cuidar de um monstro devorador de memórias cards!

Sou jovem, gosto de dançar, cantar, gritar desenfreadamente. Gosto de usar minhas cordas vocais. Gosto de abusá-las, gritar para o mundo e sentir sua vibração voltando com ecos aos meus tímpanos. Gosto de beber também, gosto de ultrapassar meus limites. Gosto de viver intensamente. Gosto de não me arrepender-me de nada. Mas gosto de pedir desculpas também por ter passado da linha, dos limites, por mais que sejam raras às vezes em que me arrependendo de algo que faço. (Vou contar um segredinho: Geralmente quando eu bebo não me arrependo de muita coisa, pois pouco me lembro de algo...)

Não importa como, nem porque, nem onde, nem como. Para mim, nada no mundo tem mais valor que um sorriso. Nada tira a preciosidade de um rosto iluminado, um rosto com um sorriso largo. Nada apaga a lembrança de um dia, um momento, um instante bem vivido.

Gosto de me isolar também. Sabe? Gosto de ficar sozinha, no silêncio da minha imensidão vazia, no aconchego do meu travesseiro. Gosto da solidão do infinito dos meus pensamentos. Gosto do silêncio, do eco de cada passo meu a uma imensidão vazia que dou quando tento encontrar razões na minha mente para me evitar ou me encorajar a algo, o que quer que seja.
Mas é incrível que como sempre aparece uma plaquinha piscando assim: “Siga em frente. Siga seu coração”. E então eu esfrego meus olhos e observo aquele coração malandro, jovem, cheio de disposição, adornado de bandeides, com um sorriso enorme, uma bolsa de grife (chamada “Lágrimas”) bem fechada, meio manco, calejado, mas saltitante, vibrante, pulsante, feliz e gritando lá do fundo: “Vem, vem comigo... apesar do cansaço e de toda a dor, eu te garanto no final a gente sempre vence!”.

Ah! E então ele completa: “Se você quiser, no meio do caminho, como eu sei que teremos muitas tempestades de lágrimas, se você quiser, posso trocar algumas delas com você por conhecimento e aprendizado. Que acha? Eu te dou conhecimento, uns bandeides e você me dá essas lágrimas? Que tal? Eu gosto de lágrimas, elas me alimentam, elas alimentam o conhecimento que eu passo a você. Nós nos machucamos, você chora, eu bebo suas lágrimas e as transformo em conhecimento. Vamos? Vem comigo! Não há o que temer! A coisa mais difícil você já está fazendo e nem sabe.”
Adoro meu coração, já pensei em rifá-lo como Clarice Lispector tentou em uma de suas poesias, mas não adianta, esse coração moleque e bandido, me persegue, me alegra. E é incrível o orgulho que eu sinto dele. São indescritíveis as coisas boas que ele me traz. Meu coração molengo, bobão e calejado, é assim que eu gosto dele.

Certa vez, em umas das minhas solidões, descobri o quanto eu reprovo as pessoas e seus corações tão diferentes do meu. Ah! Se elas soubessem tudo que eu passei. E, sabe, me orgulho muito de quem eu sou. Óbvio que eu não tenho a pior vida do mundo, mas já passei por muitas dificuldades, que para mim foram muito difíceis, mas soube superar todas elas com tanta convicção. Às vezes até surpreendi meu podre coração. Que estava esperando lágrimas minhas para se achar o sabichão e trocar uns conhecimentos comigo, quando então eu resolvi surpreende-lo e acabei ensinando-o algumas coisas sem deixar cair uma lágrima no chão.

Ah! Ta bem, eu confesso! Mas dias depois eu chorei e o bobão do meu coração ainda me deu em tapinha nas costas e me disse: “não há aprendizado sem lágrimas!”, me abriu um lindo sorriso e complementou: “Mas, pode haver aprendizado com sorrisos também. Mas esses eu não preciso de uma bolsa para guardar. Esses você pega e mostra para a razão.” Foi isso que me disse meu sábio coração.

Bom, eu sou carinhosa, gentil, honesta, fiel, sincera, companheira, amiga (de todas horas), sou ânsia, sou criança, sou jovem, eu danço, eu bebo, eu não fumo, não uso drogas, eu sou segura de mim, cuido de minha saúde, cuido dos meus joelhos. Eu gosto de acordar de manhã e deixar minha cama bagunçada, somente a cama. Adoro chegar em casa e admirar a bagunça do meu organizado quarto. Gosto de ler. Adoro livros, gosto de romances, de comédia. Sou uma amante do cinema, adora filmes, de todos os tipos. Gosto de muita, de todos os tipos. Adoro colorir minhas unhas, descobri que fico bonita de maquiagem. Gosto de fotos, de retratos. Gosto de fugir das regras. Não gosto de fio dental, mas adoro um flúor.

Gosto de usar sabonetes de caixinhas. Gosto de guardar notas fiscais, bilhetes, papéis de bombons de datas importantes. Tenho uma agenda onde escrevo resumos dias. Gosto de tempestades. Adoro chuva e dias cinzentos, assim como eu também amo dias de céu perfeitamente azul. Troco noite pelo dia. Acho a noite e a luz do luar muito mais encantadora que a luz do sol.

Sei andar de bicicleta, roller, skate(eu tento). Já tentei surfar, tive medo, já pratiquei sandboard até comer a maior quantidade de areia da minha vida. Gosto de futebol, vôlei, handball, basquete. Na verdade, não tem o que eu não goste.

Amo mais a natureza e os animais do que muitos seres humanos. Amo a química, a física, a matemática e a biologia. Odiava português, agora tenho um pequeno apreço. Detestava literatura, até começar a ler meus livros, até conhecer Clarice Lispector e Martha Medeiros.

Eu sei cozinhar, sei fazer bolos, doces trufas. Eu sou metida. Tenho força de vontade e aprendo rápido. É muito difícil você me ver dizendo: “Não, eu não sei/não vou fazer isso!”. Adoro fazer as coisas, porque sei que se estiver em minhas mãos estão bem feitas. Não confio em qualquer um.

Crio amizades facilmente. Não sou do tipo que guarda raiva, ódio ou rancor de alguém. Quando fico braba dura no máximo 10 minutos, depois passa. Isso se aplica para quando eu estou triste também. Eu sinceramente acho um perda de tempo ficar se lamentando. O negócio é correr atrás e fazer acontecer, trocar caras feias, por coroas bonitas. Se é que me entende? (cara – uma face da moeda, coroa – outra face).

Não sou do tipo que prender namorados, eu prezo a liberdade. Gosto de ter e deixar as pessoas libertas. E, como diz Mario Quintana: “O segredo é não correr atrás das borboletas, mas cuida do jardim para que elas venham até você.”.

Sou carinhosa, amo intensamente, sou namorada, sou amiga, sou amante, sou cúmplice, mas também sou criminosa. Me dedico intensamente.

Enfim, eu sou a Camila Gediel. Tenho uma família ótima, com seus problemas, como todas as outras. Tenho amigos, tenho colegas e tenho conhecidos. Tenho uma carreira, tenho mil gostos. Tenho dúvidas sobre o que seguir profissionalmente. Tenho certezas, como a de que quero ter uma casa, filhos, um bom carro e um bom marido.

Sei respeitar, sei compreender. Sei ser um ser humano qualquer, mas com um coração tão tolo que chega a ser raro.

Sou um plural, muitas mulheres em uma só. Sou realista, sou moderna. Mas também gosto da moda antiga. Adoro anos 60,70 e 80. apesar de ter nascido na década de 90. gosto de carros antigo, eu troco uma Ferrari por um Firebird! Troco um David Guetta por um The Cure, ou Oasis.

Se minha vida tivesse uma trilha sonora, seria Live Forever, ou Wonderwall do Oasis. Se minha vida tivesse uma cor, seria amor. Se minha vida tivesse gosto seria sorvete de abacate, meu favorito! Se eu pudesse mudar o mundo, eu não seria somente um ser humano a mais na terra. Se eu pudesse mudar o mundo, o meu mundo (que seja), eu me chamaria Camila Gediel.

Na vida não há limitações, há força de vontade! Quem quer... faz acontecer!

2 comentários:

  1. oi amorr tbm criei um blog pra mim haha
    http://claudiamakeupmirage.blogspot.com/

    bjjo

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  2. Então faça assim a tua vida, seja sempre esse plural... Não desita jamais...

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