quinta-feira, 31 de março de 2011

Ao Acaso

Vontade de ficar sozinha, de aprender a voar. Vontade é tanta vontade de tudo, que nem os dedos respeitam o tempo do meu pensar. É querer o bem, querer o mau. Querer o certo e o errado. O avesso e o acaso. É querer dois tempos do mesmo lado.

É não ter certeza do que se tem, do que se quer. É querer e ter tudo que se tem certeza que queríamos. É uma indecisão, é um palpite, uma voz que grita em silêncio, no mudo que fala dentro de nós. É pensamento. É tentar enxergar de olhos fechados algo que só nós podemos ver. É pensar. É a imaginação, do nada, do acaso, de tudo aquilo que a imaginação não consegue tornar para a realidade do tocar.

Me beije, eu te deixo. Me largue, eu te quero. Me abrace, me aperta, de novo, mas agora mais forte. Saí de perto, mas bem mais perto de mim. Fica longe, fica aqui. Um mais um pouco, aqui perto de mim. Dentro ou fora, quem sabe, quem saberá. Uma vez que se imaginou e desejou aquilo que não são quaisquer olhos que poderão enxergar.

GEDIEL, Camila. Ao Acaso. 2011.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Maça-do-Amor

Eu queria que tudo que é bom fosse para sempre. Que de segunda a quinta, sempre fosse sexta-feira. Que todos os doces fossem sempre doces. Que sábado e domingo tivessem 48 horas.

Eu queria que o amor não tivesse fase, não tivesse medida. Queria saber amar compreendendo as fases, sem pensar nas medidas. Queria medir o tempo afim de evitar para sempre o tal, juvenil, Srto. Sofrimento. Queria que a dor não existe, que o passado nem sempre fosse presente e que tampouco existisse tantas coisas ruins próximas da gente.

Queria que brigadeiro, beijinho e cajuzinho 'docescessem' das árvores. Que chovesse algumas vezes ao invés de água, suco de goiaba. Que o solo fosse de chiclete para aqueles que amamos nunca se afastarem da gente. Queria ver gente que gosta de sonhar. Que fecha os olhos antes de cochilar e fica pensando no mundo e em um jeito de o melhorar.

Queria que tudo fosse azul e que a paz, que branca é, fosse mestiça. Queria que nosso planeta continuasse redondo e que o coração de algumas pessoas deixasse de ser de pedra.

Queria que nada que é bom mudasse. Que tudo que é colorido sempre fosse retocado. Que o vento sempre vá e volte sem deixar-se perceber. E que a Lua que cumprimenta o Sol em despedida para um novo dia pudesse fazer a todos repensar.

Porque mudar o que é bom? Porque fingir algo que não se sente? Porque deixar-se de sentir? Porque não então sonhar e deixar acontecer? Pois sempre depois de dias nublados é o sol que radia.

Brincar de imaginar é fácil, fazer acontecer nem sempre depende da gente. Mas quem disse que não podemos sonhar? Afinal, eu sempre quis uma árvore de maça-do-amor, plantei uma semente dela durante um sonho no meu coração. Hoje brotam não só frutos, mas também desejos de fazer o bem. (E caso me perguntem sobre o bem, me desculpem pois tenho o feito sem olhar a quem)

GEDIEL, Camila. Maça-do-Amor. 2011