segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Placa

Eu poderia falar de amor de novo, mas dessa vez eu vou falar de saudade.

Nosso viver é totalmente incerto e eu não sei por que eu tenho a mania de querer ter certeza de tudo. Um dia eu estou aqui sorrindo, alegrando outras pessoas, mais um segundo depois eu posso estar aqui, fisicamente, fazendo escorrer lágrimas dos rostos aos quais eu menos queria trazer tristezas.

Poderia dizer que é uma das maiores dores do mundo. Mas a maior dor do mundo certamente é um filho perder aos pais, avós ou irmãos. E um pai, ou mãe, perder seus pais, avós ou filhos. Dependendo, é claro, do vínculo, mas não há dor pior do que perder alguém que é parte de ti.

E o que dizer da dor daqueles que a gente escolhe fazer parte da gente? Família a gente nunca escolhe, mas os amigos a gente escolhe e conta nos dedos.

São as lembranças de tudo que passamos juntos quando dizíamos para os nossos pais que estávamos estudando, ou simplesmente posando na casa um do outro. Enquanto na verdade estamos era festejando ruas a fora. Sentindo-nos livres, homens, corajosos, os melhores, os superiores, os incríveis, simplesmente porque tínhamos ao nosso lado o irmão que escolhemos a quem gentilmente chamamos de amigo, meu brother, meu bruxo.

Fomos criados com a certeza de sempre perderíamos primeiro nossos avós, depois nossos pais, nossos irmãos e então nossos amigos. Mas nem sempre a vida se segue nessa via. Tem uma curva aqui, um pare ali, uma mão dupla mais a frente e para outros têm uma rua sem saída com uma placa chamada "Destino".

E é assim, que o Destino muda com o que estamos esperando primeiro. Levando, ironicamente, o amigo que escolhemos, antes de levar nossos pais, ou seja lá qual for à ordem que isso tenha agora. A gente simplesmente fica parado no meio da rodovia da vida, sem ação, com medo de seguir em frente e ver a placa do "Destino" também.

É uma dor incalculável, mas que sempre, pelo bem ou pelo mal, sempre passa. Passa no sentindo de deixar de ser dor, aquela coisa que machuca nosso coração e que raramente alguém percebe o tamanho da ferida que temos dentro da gente. A dor começa a virar uma saudade gostosa, uma lembrança, uma brisa que bate e só faz a gente pensar: "Por pouco, ou muito tempo, com certeza esse cara fez a diferença na minha vida". E é difícil quem não conclua essa frase com aquela famosa fala do Tim Maia: “... você marcou a minha vida... viveu, morreu, na minha história.".

É uma dor que é impossível calcular ou falar sobre, é tão insuportável que tudo que queremos é ficar sozinhos e pensar: "Porque a vida tem de ser assim?".

E então eu posso tentar terminar esse texto dizendo que: Não importa a tristeza que a saudade deixa em nosso peito. O que realmente importa é o sorriso que a saudade coloca no nosso rosto a cada lembrança. E mais ainda, a pureza da lágrima que escorre do rosto por essa lembrança ser tão especial.

Enfim, não importa quantos anos você tinha antes de partir. O que importa mesmo é quantos vocês fez sorrir e quantos vão lembrar de você e pensar: "Por causa de caras como esse, é que a vida realmente vale a pena!”.

GEDIEL, Camila. A placa. 2010.
Texto dedicado à todos aqueles que deixam saudades em nossos corações.

sábado, 28 de agosto de 2010

Morrer de Amor

Uma vez que eu li que gostar de uma pessoa no fundo, no fundo, não é a gente que escolhe. É a convivência, é o conhecer sobre o outro. O simples encantar-se pelo diferencial que o outro tem.

É a forma como ele arregala os olhos quando ri. O jeito desengonçado como ele caminha. A maneira como ele, quando de costas, olha sobre os ombros. É como seu rosto fica perfeito quando ele fica sem jeito. É a timidez dele que encanta.

É a forma como ele se joga na cama depois do banho e tenta me acordar pela manhã. É o carinho que eu recebo no meio da noite e às vezes ainda finjo estar dormindo só para sentir a bondade com que ele me toca enquanto ainda está acordado.

É como ele parece um bebe quando deita de costas pra mim. É o jeito como eu me aqueço e me perco no abraço dele. A forma como ele me cobre do frio.

São as maneiras como ele brinca comigo, ou sua gentil forma de chamar minha atenção com qualquer coisa. Seja com um cochicho, com um empurrãozinho, ou com um simples ‘Oi’.

Eu não gosto dele pela sua altura, pela roupa que usa, pelo que tem ou que deixa de ter. Estilo, tamanho e bens materiais todo mundo têm. Porém, aquele jeitinho, com tantos detalhezinhos e parênteses, só ele têm.

É o jeito como ele se encaixa em mim. A força suave com que me abraça que me faz sentir vontade de ficar ali pra sempre. São os desejos que, inocentemente, ele coloca na minha mente sem perceber.

É o cabelo que até mesmo despenteado o deixa ainda mais lindo. Aquele jeitinho de falar, que vem lá de fora. A forma como ele consegue ser encantador quando quer. E quando ele não quer, como ele simplesmente consegue me irritar de uma forma tão simpática.

E, como até mesmo de cara enrugada, quando brabo, fica ainda mais perfeito. É a vontade que ele coloca em mim de sair correndo atrás dele quando ele se diz zangado e me dá as costas.

É o brilho do olhar, o jeito de sorrir, a forma de falar. É aquela pele gostosa de deixar-se tocar. Aquele cheirinho que só ele tem. Aquelas pintinhas no rosto e no corpo que dá vontade de beijar uma a uma. A forma como ele me faz sorrir, só ele tem.

É alguma coisa nele que faz bater mais forte em mim. É a minha atenção que ele rouba sem vergonha nenhuma e ainda me abana dando tchau, sem sequer preocupar-se com a saudade que fica.

É um querer, muito mais que somente querer. É a necessidade de ter, não pra sempre, mas sempre enquanto eu poder.

É pensando nele que eu concluo que mais vale morrer cedo por saber amar, do que morrer tarde, sem saber o que é ser feliz de verdade.

GEDIEL, Camila. Morrer de Amor. 2010.
Escrito em 17 de Agosto de 2010, às 23:43.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Compasso

Enrubesço-me ao encontro dos teus olhos. Logo tu, que sabias teres me deixado sem jeito, devolve-me um sorriso jocoso. Meu coração, inaudível, bate descompassado. Atônita, meneio-me para longe de ti.

Ao compungir-me pela distância que me obriguei a manter de ti. Taciturna, entrego-me ao desejo de olhar-te de novo. Num ímpeto de saudade e querer tanto encontrar-te, em primazia fechos meus olhos e me vejo a sonhar.

Um sentimento inócuo, verdadeiro, é tudo que eu tenho a lhe dar. Tento sobrepujar os maiores sonhos, tento trazer o melhor e mais sincero amor para entregar-te. Contudo só te vejo a alargar os lábios. Enrubesço-me sem saber o que responder ao brilho do teu olhar.

Então, sem saber se este é um gesto de altruísmo ou se é aquilo tudo que eu preciso ouvir. Nessa espera eu entrego-me mais uma vez em silêncio esperando a resposta do teu compasso.

GEDIEL, Camila. O Compasso. 2010.
Escrito no dia 26/07/2010 às 23:44.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Abra os braços

É na tua ausência de tudo começa: saudade, frio, carência. Eu tropeço, me esqueço, tentando não pensar em ti. Sinto saudade do beijo, do gosto e aquele desejo, que é tão forte que eu me nego a falar.

É a vontade de me afogar no mar da tua cama. É a soma das estrelas do céu do teu quarto. É a brisa que toca meu corpo quanto tu te movimenta pelos lençóis. É o verão do teu corpo, o inverno da tua ausência, o outono da despedida e a primavera de estar em teus braços de novo.

Saudade é tudo que eu consigo resumir. Vontade, desejo, é um gostar de ter-te aqui. Querer-te por tempo indeterminado, ou talvez pra sempre, ao meu lado. É um coração que chora quando vê a despedida, mas, contudo engole cada lágrima pois necessita mostrar-se forte.

É no teu silêncio que eu me apego, é aos teus beijos que eu me entrego. No teu abraço, me desfaço, dou um nó, sonhando ficar ali pra sempre a realidade me obriga a acordar. Desperto penso em ti, logo já sinto vontade de sonhar.

Queria poder fazer contigo tudo que o meu corpo pede, minha mente deseja e meus instintos controlam. Queria poder perder o controle uma vez e mostrar-te apenas um dos mais belos arco-íris que posso te dar. Queria não precisar mais sonhar, queria começar a realizar. Contudo, me contenho, pois meus passos necessitam dos teus pés.

Eu tenho um mundo a te dar. Um infinito-finito que só eu posso te mostrar. É um arco-íris, um por do sol, um nascer do sol a raiar. É uma brisa, um sentimento tão indescritível que até posso dizer-te: Me abrace, abra os braços e deixa comigo, que eu te ensino a voar.

GEDIEL, Camila. Abra os braços. 2010.