domingo, 18 de abril de 2010

Tique-Taque

Já fui pequena, média e hoje já sou grande. Já fui bebê e fiz pipi nas calças. Já fui criança e comi pastel de areia. Já fui adolescente e me apaixonei no primeiro beijo.

Já fui jovem e aprendi que apaixonar-se é mais que beijo. Já fui velha o bastante para ensinar uma amiga. Já morri e nasci de novo por amar demais.

Já cortei os joelhos, já tranquei o dedo na janela. Já chorei por quem não merecia. E já mereci lágrimas de quem não chorava.

Descobri o que é vazio. Descobri a dor de uma perda, senti calafrios. Senti beijos apaixonados, mas esqueci-me de amar.

Relembrei quando não mais me amavam e então descobri que o tempo não é só o tique-taque do relógio.

Aprendi a levantar-me sem cair. Aprendi que cair dói e que às vezes a gente ignora e quando vê, está no chão de novo, mas aí, fica uma marquinha, uma cicatriz. Aquele vazio e dor que a gente nunca esquece.

Descobri o que é morrer e mais ainda, me sinto iluminada por ter nascido de novo.

Cometi erros na minha ânsia de acertar. Descobri que às vezes a gente erra coisas que sempre disse que nunca ia errar. Descobri que a gente erra os erros sem pensar. Acerta sem iscas para pescar.

Descobri que beijar é bom. Amar é melhor ainda. Descobri que amor é algo raro e verdadeiro mesmo só existirá um, mas aprendi também a não me preocupar em encontrá-lo logo, pois nessa longa estrada até lá, terei muitas coisas a aprender e até talvez, nunca aprenda.

A vida é um ensinamento constante, a todo tempo, todo instante aprendemos algo. Seja até mesmo a aceitar que nem tudo que aprendermos a gente lembra. E que, infelizmente, como dói saber que erramos duas vezes.

A vida é um piscar de olho, outrora colorida, outra uma escura imensidão. Um infinito-finito de lembranças. A vida é um cheiro que não se esquece, um amanhecer que entardece, um entardecer que anoitece. A vida é mais que dias corridos, muito mais que felicidade e tristeza. Mais que tapas e beijos. Mais que conquistas e perdas. Mais que dores e sorrisos. Mais que querer e não poder. A vida é simplesmente não precisar entender o porquê temos de viver se é para morrer.

Para que sofrermos tanto? Se no momento de maior felicidade aqui é que sempre acabamos partindo para lá. A morte é um êxtase de felicidade infinita que dura o curto tempo de um piscar de olhos. O piscar de uma vida.

Morrer é retidão. Viver é agradecer por termos tentando pelo menos, fazer com que TUDO valesse a pena. Não do jeito do fulano, ou do ciclano, mas sim do nosso jeito como achamos melhor.

Viver é ter um livro chamado "Passado", que em cada página tem uma história, um gosto, um perfume, uma sensação diferente. Viver é ter uma esperança, chamada "Futuro" e crer que nela, tudo que esteja escrito no passado tenha realmente valido a pena.

Viver, apenas viver. Porque a vida é única. Viva sem limite, realize TODOS seus desejos. Esqueça o bom senso se necessário. Mas aprecie tudo que desejas. E caso não tenha sido bom, o Sr. Arrependimento cuida disso junto com a Dona Consciência. Deus sempre disse que a vida não seria fácil, mas prometeu que valeria a pena.

Faça, ria, dance, pule e grite. Seja feliz, não chore se não for de felicidade. Tudo na vida tem um por que e logo-logo vamos o entender.

Viva, deixe-se viver. Não viva tentando morrer.
Mas morra tentando viver!

GEDIEL, Camila. Tique-Taque. 2010.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Avesso



"...tudo de bom que você me fizer, faz minha rima ficar mais clara."

Poesia, tempo, vento, sol, nuvem
Ausência, saudade, palpite, desejo e vontade
Querer perto, mesmo distante, tão longe que desdém

Falta rima que complete minha poesia
Falta chuva para clarear meu dia
Falta tempo para que o vento leve
Falta a leve sombra do tempo que faz do sol poesia

Falta você, sem mais, nem menos, nem porquê
E, falta ainda querer saber
Quem me dera poder ter o prazer de te conhecer

Ó você que ainda desconheço em meio aos meus conhecimentos
Ó você que invade meu pensamento, que me deixa leve
Ó você que me faz flutuar, livre pelo ar

Sinto-me, mesmo sem conhecer-te, feito poesia
Sem rima, sem prosa, sem verso
Vejo-me no avesso dos versos de teus beijos

GEDIEL, Camila. Avesso. 2010